Resenha: A Música do Silêncio — Patrick Rothfuss

Título: A Música do Silêncio
Título Original: The Slow Regard of Silent Things 
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Arqueiro
Páginas: 144
Lançamento: 2015
Onde comprar: Buscapé

Sinopse:

Debaixo da Universidade, bem lá no fundo, há um lugar escuro. Poucas pessoas sabem de sua existência, uma rede descontínua de antigas passagens e cômodos abandonados. Ali, bem no meio desse local esquecido, situado no coração dos Subterrâneos, vive uma jovem.

Seu nome é Auri, e ela é cheia de mistérios.

A música do silêncio é um recorte breve e agridoce de sua vida, uma pequena aventura só dela. Ao mesmo tempo alegre e inquietante, esta história nos oferece a oportunidade de enxergar o mundo pelos olhos de Auri. E nos dá a chance de conhecer algumas coisas que só ela sabe...

Neste livro, Patrick Rothfuss nos leva ao mundo de uma das personagens mais enigmáticas da série As Crônicas do Matador do Rei. Repleto de segredos e mistérios, A música do silêncio é uma narrativa sobre uma jovem ferida em um mundo devastado.

Opinião:

Quem já leu O Nome do Vento e O Temor do Sábio (já resenhado aqui), conhece um pouco da personagem Auri. E, não sei vocês, mas para mim, ela é uma personagem um tanto amável. Eu adoro as cenas em que ela aparece para conversar com Kvothe, com sua graça e seus enigmáticos e simpáticos presentes.

Quando soube que Pat Rothfuss lançaria esse conto que falaria um pouco mais de Auri, fiquei maluco. Ganhei o livro de presente de aniversário da Jessy, coloquei na minha TBR da Maratona Literária de Inverno e quando peguei para ler o livro, me bastou algumas horas de uma tarde em que só se ouvia “A Música do Silêncio” para terminar.

E que coisa fantástica que é mergulhar no mundo e na mente da Auri. Ela não é tão simples quanto aparenta ser. Kvothe nos apresenta apenas um pouco sobre ela nos dois livros d’A Crônica do Matador do Rei; sabemos que ela é enigmática e que tem uma fobia social (não gosta muito de entrar em contato com outras pessoas). Mas não sabemos nada de seus hábitos ou o que ela faz enquanto não revê Kvothe.

Com este conto de pouco mais de 100 páginas, narradas em terceira pessoa, o autor descreve uma semana na vida de Auri, como ela vive dia após dia nos Subterrâneos da Universidade. Ele nos mostra um pouco mais a fundo a personagem, descreve seu jeito, descreve o local onde ela vive, suas manias, entre outras coisas. Não há nem um diálogo no texto, só narrativa e descrição. Mas tudo da forma que Auri diz, dando características humanas e sentimentos a objetos inanimados.

Auri é delicada, simples e ao mesmo tempo confusa. A narrativa tem a sua personalidade, por mais que não seja narrada por ela. Da para perceber que a personagem possui se não uma, mas algumas doenças mentais. Percebi traços fortes, por exemplo, de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), por ela gostar de acumular coisas sem utilidade, ter manias e hábitos estranhos com relação a contagem. Como pode ser percebido nessas citações:
“Auri apressou-se pela Rubrica, virando duas vezes à esquerda e duas à direita, por razões de equilíbrio, tomando o cuidado de nunca seguir nenhum dos canos por muito tempo, para não cometer nenhuma ofensa. ” — Pág. 29
“Tudo o que repousava em seu tampo parecia meio desalinhado, numa desarrumação assustadora: havia pós derramados, vidros caídos, o prato de grampos na maior balbúrdia.
[...]
Por mais encantadora que fosse, a penteadeira também era irritante. Parecia em total desalinho, mas nenhum dos objetos pedia uma arrumação. A única exceção foi a escova de cabelo, que Auri pôs mais perto de um astuto anel de rubi. ”— Pág. 35 e 36
No prefacio, o autor faz um alerta de que esse livro pode não agradar a todos os seus leitores, que ninguém deve começar a leitura de seus livros por este, já que ele não é o melhor que ele já escreveu. Mas eu recomendo a leitura, garanto que não é para qualquer um, porque muita gente já falou muito mal desse livro, mas acredito que essas pessoas não entenderam o que o autor quis passar. Eu vi Auri em tudo, e como ela não é uma pessoa simples, pode parecer confuso para alguns, mas para mim, me pareceu apenas Auri. Era o que eu queria, saber mais dela, e eu consegui absorver isso.
“A verdade é que gosto da Auri. Tenho um lugar especial no coração para essa jovenzinha estranha, meiga e dilacerada. Gosto dela mais do que apenas um pouco.
Acho que é por ambos sermos meio imperfeitos, cada qual a seu jeito estranho. E, o que é mais importante, nós dois sabemos disso. A Auri tem consciência de que não é toda muito perfeitamente certinha por dentro, e isso a faz sentir-se um pouco só. ”— Nota Final do Autor, Pág. 134
Eu sou suspeito para falar dos livros da Editora Arqueiro, pois sou fã da editora, e gosto de quase todos os seus livros. Mas essa edição está impecável: a capa, ilustrada mais uma vez por Marc Simonetti, é uma das mais belas da minha coleção, a diagramação está excelente, o livro contém algumas ilustrações em P&B de página inteira que deixaram a edição ainda mais linda (imagem ao lado retirada da internet).

É meio óbvio depois de eu ter falado tão bem do livro, então saibam que o livro leva
Comente o que achou da resenha, se já leu ou quer ler esse livro ou os outros do autor. Fiquem a vontade...

6 comentários

  1. Achei A Música do Silêncio muito bom, mas é muito superior em minha opinião o conto que tem como persongem central o Bast, A Árvore Reluzente da antologia O Príncipe de Westeros e Outras Histórias.

    bomlivro1811.blogspot.com.br

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    1. Olá! Esse do Bast ainda não tive a oportunidade de ler, mas pretendo comprar e ler em breve.
      Abraços

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  2. Que legal, ótima resenha.
    Eu li O nome do vento, e quero muito ler o segundo volume e esse Música do silêncio :D

    bj,Jess
    @saymybook
    saymybook.blogspot.com

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    1. Olá Jess,
      Obrigado, O Temor do Sábio, não sei se existe comparação, mas é tão melhor quanto O Nome do Vento. E A Música do Silêncio tbm e só amor. hahha
      Abraços

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  3. Olá, estou lendo "O Nome do Vento". É interessante ler "A música do silêncio" por último, depois do "Temor do sábio"?

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    1. Olá Keli, eu recomendo ler A Música do Silêncio por último pois não segue a cronologia da história da crônica. Além de que é melhor você conhecer e gostar da Auri pelos livros principais, para depois conhecer ela sozinha, ela é uma menina confusa, apesar de super carismática, mas se você gostar dela e entendê-la, vai adorar esse livro assim como eu.

      Que vontade ler Tudo de novo.
      Abraços

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