Resenha: Uma Vida Para Sempre — Simone Taietti

Título: Uma Vida Para Sempre
Autora: Simone Taietti
Editora: Novo século (Selo Talentos da Literatura Brasileira)
Páginas: 347
Lançamento: 2014
Onde comprar: Buscapé

***Livro Cedido por Parceria***

Sinopse:

Ethel diz estar morrendo. Contudo, não afirma isso apenas em razão de sua doença. Talvez a única certeza de nossa existência seja a morte, o fato de que ela chega para todos. Mas nem por isso deixa de ser a maior incógnita da vida. Em um hospital, em meio à dor das histórias dos pacientes, Ethel encontrou amigos. Entre passeios em cemitérios, frequentando velórios e enterros de estranhos, ela tenta preparar a si e aqueles que ama, para o que parece estar ali tão próximo, o fim. Entretanto, não esperava enfrentar algumas surpresas que a fizessem duvidar de tal preparação. As estatísticas ruins, a inexorável passagem do tempo. Onde reside a lógica disso que nos arranca pedaços, da súbita inexistência do que outrora era vívido e pulsante? Um corpo que jaz. Palavras que se perdem. A finitude de tudo o que é tão belo talvez seja a maior dor do mundo. Uma vida para sempre é um compilado de desejos, pensamentos e dias. Quanto dura o para sempre? Ethel descobriu.

Opinião:
O livro tem uma historia incrível, mas sua mensagem é simples e muito importante: A vida é finita. Então aproveite-a com a consciência disso.

Ethel é uma menina de 17 anos portadora de CIPA, sigla em inglês para Insensibilidade Congênita à Dor com Anidrose. Leigos podem pensar que não sentir dor é uma benção, mas a dor, assim como o medo, nos mantém vivo. Ethel sabe bem disso. Por causa de sua doença ela precisa tomar vários cuidados. Como se examinar cinco vezes por dia atrás de ferimentos. E até mesmo ter hora marcada para ir ao banheiro, uma atividade natural para todos, mas Ethel não sabe quando esta com vontade ou não de ir ao banheiro.
“Eu gostaria de ver algo acontecer. Algo diferente, entende? Eu queria ter a chance de viver outra vida, que não a minha. Beijar outra mãe, que não a minha, ou sentir a falta dela, caso inexista. Eu queria ter um pai aos quinze anos, para dançar a valsa. Eu queria ao menos ter tido uma festa e uma valsa aos quinze anos. Eu queria ter dado um beijo apaixonado e até ter tido a minha primeira vez de uma forma inconsequente, como a grande maioria. Eu queria poder olhar de fora da situação, sob uma nova perspectiva, vivendo debaixo de outra pele, em um corpo saudável, talvez, para naqueles momentos em que eu penso estar tudo uma verdadeira porcaria ou sem chance alguma, eu saber que em outro lugar as coisas não são tão boas quanto parecem, porque, afinal, todos tem problemas. Para saber, simplesmente, que do outro lado também há lágrimas.”
Falar apenas da doença não define Ethel. Ela tem apenas 17 anos e quer aproveitar o melhor da vida. Principalmente por ter a consciência que a qualquer momento ela pode acabar. Essa fragilidade da vida finita é o que mais incomoda Ethel. Ela considera absurdo pessoas saudáveis desperdiçarem a vida não fazendo nada de útil com ela.
“Eu sempre quis compreender a morte e entender esse processo, conhecer um pouco da dor do mundo, preparar-me para esse fim inevitável que sempre me pareceu tão próximo e também ajudar minha mãe a enfrentar tudo isso. Sempre se tratou de uma grande mistura de objetivos, mas nunca percebi que ir a cemitérios, velórios e enterros de estranhos não estava ajudando em nada. Apenas me causava uma tristeza sem precedentes. Há pouco tempo percebi que não importa o que façamos, não há como preparar-se ou habituar-se a uma coisa tão grandiosa quanto a morte. Mas, ao ter consciência da iminência disso, passamos a realmente querer fazer mais. Se as pessoas dessem mais valor para o fato da vida não ser eterna, poderiam fazer muitas coisas de maneira diferente.”
Por esses motivos, Ethel deseja uma liberdade que acaba quando o zelo que sua mãe tem em relação a ela começa. Muitas das mães costumam criar seus filhos em baixo de suas asas, mas pela sua condição, Edite, mãe de Ethel, acabou criando uma bolha em torna da filha para protegê-la. Por sua rotina de tratamento no hospital, Ethel acaba criando varias amizades nesse ambiente. Mas sua mãe, por achar que essas amizades podem não fazer bem para a filha, proíbe Ethel de ficar no hospital além do tempo necessário. Para conquistar sua liberdade, Ethel tem que mentir para a própria mãe.

No hospital, Ethel conhece Vitor, um menino de 19 anos, que está fazendo tratamentos em busca da cura para a leucemia. Ao primeiro contato já percebemos ali um encontro de almas, mentes e corações.  Como é dito varias vezes por Ethel, Vitor tem um sorriso que poderia criar uma ponte entre o continente sul-americano e o africano.

Com o agravamento da doença de Vitor e o amor dos dois foi ficando cada vez mais forte. Eles decidem aproveitar cada segundo que ainda os resta para ficarem juntos e viverem e experimentarem todas as sensações que eles gostariam de ter uma vida inteira para viver e experimentar.
“E se você descobrisse que este é o seu ultimo dia? Ou que tem apenas dois meses de vida? Não seria confuso, horrível e triste? E então haveria os estágios. A negação, profunda depressão, raiva e outras coisas. Questionaria Deus e sua existência. Mas ai você se daria conta de que o tempo está passando. E começaria a correr. Refletiria sobre suas ações e, de fato, viveria como se não houvesse amanhã. Diria aquilo que quer, amaria mais e com mais intensidade, perdoaria algumas pessoas e mandaria outras para o inferno. Provavelmente gastaria mais do que pudesse pagar. Faria aquela viagem incrível. Visitaria um asilo ou um orfanato e daria algo para a caridade. Olharia para o céu e admiraria quão surpreendente e bela pode ser a natureza. Então, olhar-se-ia no espelho e perguntaria a si mesmo: “Por que diabos eu não fiz isso antes?”. Sentir-se-ia um perfeito idiota. Entretanto, iria se convencer de que fez o que pode e então deixaria esta terra. Porque é assim que as coisas acontecem e essa tal de morte é inevitável. Mas viver, meu amigo, é opcional. Você pode escolher se quer apenas se arrastar pela triste existência ou fazer algo de valoroso. Então, escolha e faça de uma vez, porque eu ainda acho que são sortudos aqueles que sabem quando vão morrer. Eles aproveitam. É preciso lembrar que a morte geralmente vem desacompanhada de aviso prévio. E, ai? Vão ser apenas planos então?”
Todas as relações pessoais de Ethel, com namorado, mãe e amigos, são legais de acompanhar. A forma como ela toca as pessoas e o que ela tem pra dizer. Graças à escrita da autora que torna o livro uma conversa entre o leitor e Ethel. Em todo o começo de capítulo, temos algum pensamento de Ethel, uma curiosidade, informações ou um trecho de algum livro. O que é muito interessante. Principalmente alguns trechos escritos por Hilda Hirst.

O que me fez me conectar muito rápido com a estória, foi algumas semelhanças que tenho com a Ethel, como seus achismos, maneira de pensar, de se vestir e gosto musical. Avaliei em
Com certeza recomendo sua leitura. O mundo seria um lugar melhor se existissem varias Ethels por ai ;)

Um comentário

  1. A simone também é parceria do meu Blog.Caramba eu me emocionei com esse livro.Ele tem várias quotes bacanas,além de ser meio reflexivo. :D

    www.estante861.com

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