Crítica: FROOT de MARINA AND THE DIAMONDS

Álbum: FROOT
Artista: MARINA AND THE DIAMONDS
Ano: 2015
Gravadora: Atlantic Records UK, A Warner Music Group Company
Gênero(s): Indie Pop, Pop alternativo
Faixas: 12
Comprar (versão digital):  iTunes , Amazon
Comprar (versão física): Saraiva
Site oficial: http://marinaandthediamonds.com/
 
FROOT é mais uma das provas da constante evolução de Marina. Segundo ela não só como artista, mas também como pessoa.Reflete uma Marina pronta para ser colhida como diz a letra da faixa que dá nome ao trabalho. O álbum de indie pop, terceiro da carreira da cantora pode ser visto como uma intersecção entre o excêntrico The Family Jewels (sua estreia) e o pop irônico do Electra Heart. Nele tivemos queimadas as roupas e perucas dos arquétipos. Despida desses itens Marina resolveu criar algo singular.A começar pela divulgação: uma "froot" (que representaria um single) por mês até o lançamento do álbum em junho,mas devido a vazamentos ela resolveu adiantar o álbum e por isso muita gente acabou conferindo antes da data prevista.Mas agora com o lançamento o álbum já pode ser conferido em diversas plataformas.Tudo nele foi cuidadosamente lapidado, dos vocais que liricamente passeiam pelas belas letras aos instrumentais que as envolvem. A galesa escreveu as letras quando passou por um período mais recluso.Os temas variam, da solidão a terrível natureza humana repletas de verdades e críticas. Para conferir a sonoridade contou com a ajuda de um único produtor (David Kosten). Seu pedido? Que basicamente não houvesse tanta diferença entre a gravação de estúdio e a apresentação ao vivo. 
“Não é sobre ser pop ou não, eletrônico ou não, é mais sobre o sentimento do groove na música e sabendo que são músicos reais tocando.Eu acho que é algo que eu venho tentando traduzir por um longo tempo."  
Funcionou, entre  "frootas" mais doces e outras mais ácidas cada uma traz uma energia diferente, algo que vicia e nos faz querer mais. Os instrumentos orgânicos dão detalhes a cada canção, resultando nessa viagem hipnótica aos sentimentos da "feirante". Por ser um álbum com 12 faixas tomei a liberdade de descrever minhas opiniões sobre cada uma delas.

Track by Track:


Happy : Uma das faixas mais melódicas e simples, começa com notas de piano ao fundo e vai evoluindo com outros instrumentos. Marina maneira docemente canta a felicidade, e não aquela da faixa homônima de Pharell, mas sim uma forma mais genuína de ser feliz, de encontrar-se na vida. 
"Eu encontrei o que eu estava procurando em mim mesma
 Encontrei uma vida digna para ser vivida por alguém
 Nunca pensei que eu poderia ser feliz"
FROOT :  Uma das gravações mais longas do álbum é também a mais eletrônica e dançante, essa característica é assegurada pelos efeitos de games dos anos 80/90 conferindo essa sonoridade disco e também uma atmosfera de sedução reforçada pela letra.
"É verão e eu me penduro em uma videira
 Vão me transformar em um doce vinho tinto
 Me pendurando como uma fruta numa árvore
 Esperando para ser colhida, venha, corte e me liberte"
I'm a Ruin : Uma canção para um misto de sentimentos. O conflito de terminar com alguém que ainda te ama, de ser uma ruína,de querer ser livre. Um instrumental mais leve que é envolto por poderosas batidas encaixando-se completamente com a letra: 
"E eu tentei dizer querido, vou te arruinar se me deixar ficar . Você continua sendo tudo para mim, para mim .... Mas eu quero ser livre" 
Blue : Começa fraquinha e ganha mais animação com uma pegada pop que também é conferida por esse efeito disco e refrão viciante. É aquela música para sair cantando por aí, acompanhando a voz de Marina que passeia pelas frases e os efeitos que brincam com os ouvidos. Na letra ela não quer mais se sentir triste, por isso sugere uma última noite.
"Me dê mais uma noite
Um último adeus
Vamos fazer isso uma última vez"
Forget : A faixa é aberta com os acordes de guitarra e ganha a força da bateria. segui um ritmo mais enérgico, assim como os vocais da cantora. Perdoar e esquecer, isso que Marina quer, mas não consegue.Ainda temos o verso que soa como uma confissão:
"Sim, eu estive dançando com o demônio adoro como ele finge se importar 
E se eu alguma vez for ao paraíso 
Quando um milhão de dólares te levarem lá 
Oh, todo o tempo que eu desperdicei perseguindo coisas sem importância 
Quando na verdade eu nasci para ser uma tartaruga. Nasci para caminhar sozinha" 
Gold :  Particularmente é uma das que menos me agrada, não vejo tanto brilho como nas demais. É uma baladinha embrulhada em efeitos que conferem essa vibe "praia", praticamente a trilha para um Lual Havaíano (risos). Provável próximo single. Destaque para a brincadeira com os versos 
"Don't think I want what I used to want 
Don't think I need what I used to need 
Don't think I want what I used to want 
Don't think I see what I used to see"
No nosso bom e velho português: 
"Não acho que eu quero o que eu costumava querer 
Não acho que eu preciso o que eu costumava precisar 
Não acho que eu quero o que eu costumava querer 
Não acho que eu vejo o que eu costumava ver "
Can't Pin me Down : O instrumental faz da faixa animada. Essa é uma mais irônica, ao falar do processo de criação Marina diz : "Eu nunca vou te dar tudo o que você espera você acha que eu sou como os outros" Criticando o fato de geralmente pensarem que se precisa de muitos produtores para fazer boa música. Essa leva o selo "explicit" pelo Motherfucker" que solta no meio. Fora a parte em que ela diz "Você realmente quer que eu escreva um hino feminista? Estou feliz de cozinhar o jantar na cozinha para o meu marido" Em que ela fala da liberdade de escolha que as mulheres tem.

Solitaire :  Com efeito de gravação antiga, vai se mostrando aos poucos e ganha batidas ritmadas em que ela canta os momentos de solidão. Destaque para a linguagem poética : 
"Hard like a rock, cold like a stone 
White like a diamond, black like coal 
Cut like a jewel, yeah I repair Myself when you’re not there"
Traduzindo:
"Dura como uma rocha, fria como uma pedra
Branca como um diamante, negro como carvão
Moldada como uma joia, sim, eu reparo Em mim mesma quando você não está lá"
Better Than That : Crítica ao comportamento de uma mulher, seria Ellie Goulding? Talvez. A música fala basicamente sobre traição. Essa também ganha um ritmo com bastante energia, quase um rock clássico que destoa um pouco das demais do álbum .Marina  inclui de maneira genial ornamentos ao cantar, que deixam a música ainda melhor. Principalmente no trecho:
"So why she´s looking like a cat who got the cream?"
Outro trecho que vale destaque: 
"Bem, eu acho que é apenas o que os humanos fazem
Se relacionar com outras pessoas até tudo desmoronar
E quando isso acaba eles saem para tentar curar sua dor
Relacionam-se com outro amante, fazem tudo de novo
Eu não estou julgando a vida sexual dela
Eu estou julgando o jeito que ela sempre carregou
A faca, desde que começamos a sair
Suspeita desde o início, sempre tive minhas dúvidas sobre você"
Weeds :  Uma baladinha suave , com efeito de voz distante.Sobre como algo pode voltar com uma erva daninha. Destaque para o momento que Marina deixa o solo de guitarra comandar a faixa por alguns segundos. 
"Você sabe que o problema com a história
É que ela continua voltando como uma erva daninha"
Savages : Uma das letras mais carregadas que tem seu ritmo ditado pela bateria.Além de uma análise da natureza humana, com temas como religião "Você está matando para si ou para o seu salvador?" Marina também aborta o estupro, a maneira de como isso é visto pelas pessoas. 
"Por trás de tudo, nós somos apenas selvagens Escondidos atrás de camisas, gravatas e casamentos Como poderíamos esperar alguma coisa?"
"Nós nascemos para abusar, disparar uma arma e correr
Ou há algo incompleto dentro de nós?
É uma característica humana ou é um comportamento aprendido?
Você está matando para si ou para o seu salvador?"
Immortal : Uma linda melodia para finalizar o álbum, a balada trata de temas existenciais, vida e morte tratadas com muito sentimento, como tornar-se Imortal?. É sobre deixar sua marca no mundo. Marina escreveu a música quando visitava um memorial de guerra na Polônia: "Eles disseram: Não é um memorial muito bonito, mas merece ser visitado para manter sua memória viva. Isso é como música e bem, a letra começou. 
"Estou sempre correndo atrás do tempo 
Mas todo mundo morre, morre 
Se eu pudesse comprar o ''para sempre'' a um preço eu iria comprá-lo duas vezes 
Mas se a terra acabar em chamas 
E os mares congelarem no tempo 
Haverá somente um sobrevivente 
A memória que eu era sua e você era meu"
Para parte visual (já falei que ela é um gênio?) não só para os clipes, mas também para as artes dos singles (art works) ela pensou em uma "Cyber DolceVita" algo que unisse natureza e neon, e assim temos esses cabelos iluminados por luzes coloridas com unhas e maquiagem igualmente coloridas.

Os clipes podem ser conferidos no canal da cantora no YouTube (juntamente com as demais faixas) assim como no Spotify .


Referências da entrevista: 

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