Resenha: Selva de Gafanhotos — Andrew Smith

Título: Selva de Gafanhotos
Título Original: Grasshopper Jungle
Autor: Andrew Smith
Editora: Intrínseca
Páginas: 350
Lançamento: 2015
Onde comprar: Buscapé

Sinopse:

Na pequena cidade de Ealing, Iowa, Austin e seu melhor amigo, Robby, libertam acidentalmente um exército irrefreável. São louva-a-deus de um metro e oitenta de altura, completamente tarados e famintos. Essa é a verdade. Isso é história. É o fim do mundo e ninguém sabe o que fazer.

Com todos os elementos obrigatórios de um romance apocalíptico, Selva de Gafanhotos mistura insetos gigantes, um cientista louco, um fabuloso bunker subterrâneo, um mal resolvido triângulo amoroso-sexual e muita, muita confusão — e está longe de tratar apenas do fim do mundo.

Engraçado, intenso e complexo, Andrew Smith fala de um jeito inovador sobre adolescência, relacionamentos, amizade e, claro, sobre temas um tanto mais inusitados, como testículos dissolvidos e milho modificado geneticamente. Um romance surpreendente sobre a odisseia hormonal, amorosa e intelectual que é essa fase da vida.

Opinião:

Quando li Minha Metade Silenciosa (link no título) que é primeiro livro do autor Andrew Smith publicado no Brasil, procurei por mais e soube que a Intrínseca lançaria Selva de Gafanhotos em março, fiquei ansioso para desbravar mais uma aventura e assim que foi possível o comprei.

Parafraseando o que o autor de A Culpa é das Estrelas, John Green, disse após a leitura desse livro:

“Você nunca leu nada igual.”

Eu pelo menos, até o momento, não conheço qualquer livro que contenha sequer um terço de tudo o que li neste livro. É uma mistura fascinante e única de gêneros literários (aventura, romance, suspense, terror, ficção científica etc) que só Andrew Smith sabe fazer. O livro é completo, único, um pouco viajado e diferente, mas mesmo assim perfeito, seja na criatividade, seja na escrita, seja na edição (comentarei ao final).

Selva de Gafanhotos é um trecho da história, tanto do mundo, quanto da vida de Austin Szerba (personagem que narra a história em primeira pessoa). Ele é um adolescente de 16 anos, estuda na Escola Luterana Curtis Crane, na cidade de Ealing, Iowa, e é normal como qualquer outro... talvez um pouco diferente dos demais, pois ama sua namorada Shann Collins, mas também ama da mesma forma Robby Brees, seu melhor amigo.
“Eu me perguntei se eu era homossexual só por pensar em fazer um ménage à trois com Robby e Shann. E odiei constatar que seria mais fácil convidar Robby para fazer isso do que convidar minha própria namorada”. — Pág. 27
Não bastasse esse conflito interno vivido por Austin, o mundo também entra em desordem e está rumando ao fim. Os autores desse fim do mundo não são nada menos que alguns Soldados Irrefreáveis, ou seja, “louva-a-deus assassinos de um metro e oitenta de altura com patas armadas com farpas, que só sabem fazer duas coisas: comer e trepar”.
“É assim que o fim do mundo parece:
Ele parece uma criança que sai correndo para atravessar a rua, com os olhos focados apenas em um destino à frente: o futuro, que está do outro lado. A criança não percebe o caminhão que se aproxima em alta velocidade na mesma rua, no presente.
É com isso que o fim do mundo parece.
Todas as estradas se cruzam aqui. ” — Pág. 339
O autor, por meio do personagem Austin, narra as descobertas e dúvidas da adolescência, a puberdade irrefreável, e ele utiliza para isso termos bem explícitos, por exemplo, a todo momento Austin nos fala que está com tesão, fala sobre transar, fala de seus desejos etc. Ele traz também a dúvida de Austin com relação a sua sexualidade, nos mostra a que ponto o preconceito aos gays pode chegar, quando alguns garotos dão uma surra em Austin e Robby por acharem que eles são “boiolas” (não é spoiler, pois ocorre nas primeiras páginas). Isso para mim foi uma novidade, pois nunca tinha lido livros com essa temática inserida tão abertamente na história, em Minha Metade Silenciosa também há uma parte com personagem homossexual, mas é bem mais leve. Sei que outros autores escrevem sobre isso, como David Levithan, por exemplo, mas nunca li.
“ — Você acha que sou gay, Rob? — perguntei.
— Não me
importo se você for gay — disse Robby. — Gay é só uma palavra. Como laranja. Eu sei quem você é. Não há um rótulo para isso.
Eu acreditei nele.
— Eu sei que não sou laranja — falei. ” — Pág. 114
Andrew Smith escreve de uma maneira única, nesse livro especificamente ele escreveu como se fosse um garoto de 16 anos, o que não é uma coisa ruim, ele soube trazer toda a personalidade de Austin para a escrita, me diverti enquanto lia, cheguei a gargalhar em algumas partes. Os personagens são muito bem construídos, a História é bem escrita, há fatos da história mundial, há histórias fictícias dos antepassados de Austin que são narradas paralelamente ao desenvolvimento do texto, são levantados questionamentos interessantes sobre vários assuntos, por mais que alguns sejam bem inúteis, nos trazem uma carga de “conhecimento” fictício.
“Comecei a pensar na possibilidade de a história na verdade ser a grande destruidora do livre-arbítrio. Afinal de contas, se o que nós acreditamos cegamente sobre a história for verdade — aquele velho clichê que nos ensina a não repetir várias vezes a mesma merda —, então por que as mesmas merdas sempre continuam a acontecer? ” — Pág. 276
Agora vamos falar da edição: que capricho da Editora Intrínseca! Sem dúvidas, é uma das edições mais bonitas da minha estante. Além da capa com um tom de verde muito bonito e chamativo, as lombadas são amarelas, da cor de marcador de texto, há alguns desenhos no decorrer das páginas com partes do corpo de gafanhotos/louva-a-deus. A diagramação também está incrível, as fontes utilizadas são ótimas. Encontrei dois erros na escrita, que foram a falta de palavras pequenas na frase (preposições ou artigos, não me lembro quais), talvez durante a digitação esqueceram de escrevê-las, mas isso não afeta nem um pouco o entendimento e podem até passar batidas.

Concluindo, o livro é altamente recomendado para qualquer um que queira se surpreender com uma história ímpar e gostosa de se ler. É um excelente livro para ser lido nas férias, fica a dica. Só não favoritei porque ainda acho que o livro Minha Metade Silenciosa é melhor que esse. Mas ele leva
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BookTrailer:

4 comentários

  1. Parece bom. E a capa é bonita.
    Esta editora tem tudo para se tornar uma GRANDE.
    Abraços!!

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    1. Olá Kleiton,
      É muito bom sim, e a Editora já é grande, mas pode ser mais.
      Abraços

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  2. Gostei da tua resenha! Nunca li. E confesso, não sei se leria. Achei o livro bem pós-moderno para mim, com muitas misturas de temáticas HAHAHA Depende muito da habilidade do autor para dominar, então, só saberia se ia gostar ao ler.
    Abraços
    Blog do Ben Oliveira

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    1. Olá caro amigo Ben,
      haha, eu recomendo, é uma das coisas mais doidas que já li, e vale super a pena, a mistura de tudo isso deu um livro muito divertido e insano.
      Abraços

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