Resenha: O Que Me Faz Pular — Naoki Higashida

Título:  O Que Me Faz Pular
Título Original: Jiheisho No Boku Ga Tobihaneru Riyu (The Reason I Jum)
Autor: Naoki Higashida
Editora: Intrínseca
Páginas: 192
Lançamento: 2014
Onde comprar: Buscapé 

Sinopse:

Naoki Higashida sofre de autismo severo. Preso em seu mundo individual, muitas vezes ele exibe comportamentos vistos como estranhos, peculiares, “inadequados”. Seja repetindo palavras e frases aparentemente sem sentido ou evitando contato visual com outras pessoas, Naoki tem uma enorme dificuldade de se comunicar e de socializar.

Porém, graças à determinação da mãe e de uma professora, ele aprendeu a se expressar apontando as letras em uma espécie de teclado de papelão – e o que tem a dizer traz uma nova luz para a compreensão da mente autista. A história de Naoki demonstra que, longe de serem insensíveis e indiferentes ao mundo, as pessoas com autismo são tão complexas quanto qualquer um de nós e dotadas de senso de humor, empatia e uma intensa imaginação.
“O que me faz pular, concebido por um escritor ainda com um pé na infância, e cujo autismo é pelo menos tão complexo quanto o do nosso filho, foi como uma revelação divina. Pela primeira vez senti como se o meu garoto estivesse falando conosco sobre o que acontece dentro de sua cabeça. ” — David Mitchell, autor de Cloud Atlas
Opinião:

Sabe quando lemos um livro e dele tiramos coisas para nossa vida? Então, esse é um desses livros.

Conhecer a mente de um autista, ainda por cima por uma pessoa que possui a “doença” foi uma experiência e tanto. Foi muito mais intenso e real do que qualquer psicólogo, médico ou estudante do caso poderia escrever. Além de ser autista, Naoki só tinha 13 anos quando terminou seu livro. Isso me fez pensar um bocado, pois eu com 19 anos, e sendo uma pessoa “normal” não conseguiria escrever algo com tanta maestria, com tanta delicadeza e carinho.

Em vários momentos, antes e depois da leitura, tentei me colocar no lugar do autor, tentei imaginar como seria querer me comunicar com alguém e não conseguir, querer a liberdade e não ter poder sobre ela, almejar ao máximo fazer algo que aparentemente seria fácil e “normal”, e saber que minhas capacidades são limitadas, querer ser EU mesmo, por mais que muitos olhares e bocas me castiguem e desaprovem...

“Não conseguir falar significa não compartilhar o que a gente sente e pensa. É como ser um boneco que passa a vida toda em isolamento, sem sonhos ou esperanças”. — Pág. 27
Eu vi, pelos olhos e sentimentos do autor, que não é nada fácil ser um autista. Acho que o mesmo se aplica a qualquer deficiência, dificuldade ou doença. As poucas páginas me abriram um pouco mais a mente com respeito às frágeis pessoas que convivem com suas dificuldades dia após dia como fortes lutadores, lutadores estes, que tem como ringue o ambiente em que vivem, e tem como adversários pessoas e tarefas. Acho que deve ser complicado ser esse tipo de lutador, mas acredito que cada vitória para eles, deve ser bem mais saborosa que as nossas, pois há um sentido, coragem e vontade em tudo que fazem.
“... quando pulo, é como se meus sentimentos rumassem ao céu. Na verdade, minha necessidade de ser engolido pela imensidão lá em cima é suficiente para estremecer meu coração. Quando estou pulando, posso sentir melhor as partes do meu corpo — as pernas saltando, as mãos batendo —, e isso me faz muito, muito bem. [...] ... ao pular é como se eu estivesse me libertando das cordas que me prendem. Quando salto eu me sinto mais leve. Acho que o motivo pelo qual meu corpo é atraído para cima é que esse movimento me faz querer me transformar num pássaro e voar para algum lugar distante”. — Pág. 87/89
Falando um pouco da estrutura do livro: ele foi escrito da seguinte forma: como título de cada capítulo, uma pergunta (sempre sobre coisas que todo mundo se pergunta ao ver um autista ou uma pessoa com necessidades especiais), em seguida a resposta mágica e sincera de Naoki, com seu experiente conhecimento e a inocência de uma criança. É, ao mesmo tempo, forte e delicado. Naoki é inerente, tem um estilo e uma graça só dele. O livro é pequeno em formato, mas tem um grande e maravilhoso conteúdo.

A edição está linda, tanto na capa, como na diagramação. Há algumas gravuras no interior, e um conto escrito por Naoki, que traz mais uma amostra de seu maravilhoso dom literário.

“ [...] Não estou sozinho quando estou com as letras. Elas são muito mais fáceis de controlar do que as palavras faladas, e podemos estar com elas sempre que quisermos”. — Pág. 89
Acho que esse livro deveria ser lido por todas as pessoas, e para todas as pessoas (pois há quem não saiba ou consiga ler). Deveria ser divulgado e exposto em todas as livrarias para que todos conheçam ou tenham a chance de conhecer (com essa resenha pretendo atingir mais algumas pessoas). O livro e o autismo levam
Comente aqui em baixo se você já leu esse livro, se conhece ou tem contato com algum autista, e se for de sua vontade leia e divulgue esse livro. 

P.S.: Para conhecer um pouco mais do livro e do autor leia o texto A VOZ DO AUTISMO, publicado no Blog da Editora Intrínseca.

2 comentários

  1. Eu li esse livro no mês passado e simplesmente amei, amei amei. É de uma poesia só conseguida com uma alma muito sensível. Um livro emocionante que nos aproxima de uma realidade tão difícil de ser acessada, e como é trazido pelo autor, difícil de ser entendida também. Livro lindo, que nos faz abrir os olhos para esse novo mundo chorando.

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    1. Olá Tailane,
      Que belas as suas palavras, realmente esse livro é tudo isso que falou e mais um pouco. Esse livro precisa ser lido por todas as pessoas, é uma forma de abrir o coração.
      Abraços

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